Casos de caminhoneiros mortos durante ação de bandidos preocupam entidades do transporte de cargas

Bandido pula pela janela do carona no caminhão de carnes roubado em Duque de Caxias

Os seguidos casos de crimes contra caminhoneiros ocorridos no último mês no Rio de Janeiro estão preocupando entidades de classe e da área econômica do estado. Nesta terça-feira, morreu o motorista William Lúcio Lourenzo, de 46 anos, que estava internado no Hospital Pedro II, desde a quinta-feira da semana passada, após levar um tiro na cabeça ao entrar por engano na comunidade da Vila Aliança, na Zona Oeste do Rio.

No fim de outubro, o motorista Jean Lucas de Oliveira, de 31 anos, foi morto a tiros na pista sentido Centro da Avenida Brasil, na altura de Bonsucesso, ao negar a ordem de parada de um grupo de criminosos. Ele transportava uma carga de peças automotivas vindas de Resende, no interior do estado, e foi abordado na altura da comunidade do Parque União em uma tentativa de assalto.

Ao negar a ordem de parada dos criminosos, ele foi alvo de tiros e atingido na cabeça. Descontrolado, o veículo bateu em uma pilastra do viaduto de acesso à Transcarioca e a vítima foi arremessada do veículo, caindo na pista da via expressa.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Rio de Janeiro (Sindicarga), Silvio Carvalho, ressalta que caminhoneiros e empresas identificaram um novo modo de atuação dos criminosos no Rio de Janeiro.

  • De uns três meses para cá, vem aumentando consideravelmente o roubo de cargas. Aconteceu uma mudança de logística no roubo. Antes os criminosos tinham que roubar muitos carros para fazer um valor substancial. Nos últimos tempos, eles roubam um caminhão ou uma carreta com uma carga completa, pois é mais fácil e mais representativo em valores. Quem perde com isso é o Rio, pois as indústrias evitam se instalar no estado, pois temem terem suas cargas roubadas — disse.

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) também manifestou preocupação com os casos recentes. O vice-presidente Carlos Erane de Aguiar ressaltou que a segurança pública do estado tem papel fundamental para o desenvolvimento socioeconômico.

  • Regiões consideradas mais violentas têm dificuldade em reter e atrair investimentos, gerar empregos e renda. Não há desenvolvimento sem segurança. O consumidor que vive no Rio é o mais impactado com isso porque o valor do seguro para cá é maior e isso é repassado ao preço final dos produtos — afirmou.

Maiores vítimas dos roubos, os condutores profissionais deixam pelo caminho famílias destroçadas pelos episódios de violência. Irmão de William, Wallace Lourenzo, que assim como a vítima, também mora em Minas Adolescente é apreendido por, com o pai, atirar contra mulher trans na Região Metropolitana do Rio Gerais, desabafou nas redes sociais.

“Estou indo lá para o Rio de Janeiro buscar o meu irmão, ele não resistiu. Eu orei a Deus e falei ‘Senhor, traga o meu irmão bem, saudável, mas se for para ele vir com alguma coisa ou alguma sequela, que o Senhor o leve’. Creio eu que Deus quis assim, eu vou ficar firme, forte. Eu tenho certeza de que no céu eu vou reencontrar com meu irmão. Irmão, onde você estiver, eu te amo. Eu tô indo te buscar onde você estiver”, escreveu.

Apesar dos casos recentes, o Instituto de Segurança Pública apurou que Nos dez primeiros meses de 2022, o roubo de carga teve o menor número de casos desde 2013 – a redução foi de 12%.

Já a Firjan informou que em 2021 foram registradas 4.521 ocorrências de roubo de carga no estado do Rio de Janeiro, uma média de 12 por dia. Considerando-se o valor médio das mercadorias roubadas, as perdas diretas com esse tipo de crime foram da ordem de R$ 389 milhões. Os números deste ano ainda não foram apurados.

A Polícia Militar informa que o 14° BPM (Bangu) realiza patrulhamentos de rotina na comunidade da Vila Aliança, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde William Lourenço foi assassinado.

Fonte: Extra Globo

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