– Jornal do Comércio
Transportadores brasileiros buscam as novidades expostas na feira, onde planejam fazer aquisições para modernizar as frotas já pensando na provável retomada da economia do País
– Jornal do Comércio
Um panorama mais promissor a partir do segundo semestre deste ano para a economia e, por consequência, para o segmento logístico é a expectativa dos organizadores da 19ª Transposul, a maior feira de transporte e logística do Sul do Brasil. O evento será realizado de 27 a 29 de junho, das 13h às 22h, no Centro de Eventos da Fiergs, em Porto Alegre. O encontro concentra grandes montadoras de caminhões e empresas ligadas à área, além de promover um congresso que discute os principais temas que afetam o setor.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Afrânio Kieling, está otimista quanto à Transposul e também quanto ao mercado. O dirigente argumenta que é preciso deslocar o cenário político vivido hoje no País da economia nacional. A mesma opinião é compartilhada pelo diretor da Transportes Gabardo, Sérgio Gabardo. A companhia é uma prova de que os agentes logísticos estão dispostos a investir. A empresa pretende fechar na Transposul a aquisição de 30 a 40 cavalos mecânicos para aumentar a sua frota (que ficará com aproximadamente 1,3 mil veículos). De acordo com Gabardo, o custo de cada equipamento é de cerca de R$ 300 mil. “Temos que suar um pouquinho, mas não é preciso chorar”, brinca ele. O empreendedor enfatiza que os transportadores sempre enfrentaram momentos de dificuldades, mas que é preciso preparar-se para esses períodos.
O diretor-presidente da Vitlog Transportes, João Jorge Couto da Silva, também aponta que a expectativa é de que o mercado e a economia desprendam-se da política. Com isso, a perspectiva é de que esse cenário movimente a realização de transações durante a Transposul. Silva enfatiza que, mesmo com toda a turbulência enfrentada na esfera política, um país do tamanho do Brasil não pode parar. “Os empresários e as indústrias terão que trabalhar por si, e essa corrente é que elevará o patamar de negócios”, projeta. O executivo frisa que o setor logístico é diretamente vinculado ao PIB brasileiro. “No momento em que o PIB aquecer 1%, vai faltar caminhão”, prevê. A Vitlog Transportes programou-se para fazer compras para reposição de veículos (em torno de 30).
O objetivo é contar com equipamentos mais avançados, com tecnologia mais moderna. O investimento previsto na aquisição é estimado em R$ 5 milhões a R$ 8 milhões em cavalos mecânicos, caminhões de pequeno e médio porte para distribuição de cargas, e carretas. Investimentos dependem de marco regulatório que está tramitando na Câmara dos Deputados O respaldo legal é uma das condições mais reivindicadas na hora da tomada de investimentos. Na área logística, um dos assuntos que têm chamado a atenção nesse sentido é a questão do marco regulatório do transporte rodoviário de cargas. O tópico será abordado na Transposul pelos sócios do escritório Zanella Advogados Associados, Marcelo Corrêa Restano e Fernando Antônio Zanella. Restano detalha que a matéria está, no momento, tramitando na Câmara dos Deputados através do Projeto de Lei (PL) 4.860/2016, de autoria da deputada Christiane de Souza Yared (PR-PR).
Conforme o advogado, a proposta é bastante abrangente, englobando diversos pontos relativos ao setor de transporte rodoviário de cargas. “A pretensão é criar um guarda-chuva, pegando toda a legislação existente, que é muito esparsa, inclusive normas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e ter uma direção para dar mais segurança jurídica”, salienta. Um dos elementos levados em conta pelo texto é a carga de trabalho dos caminhoneiros.
Restano adianta que existe a tendência da flexibilização da jornada assim como se discutirão alterações nos dispositivos que tratam do exame toxicológico. “Mas friso que é um projeto, cujo texto não está aprovado ainda”, destaca o assessor jurídico. Restano enfatiza ainda que a evolução da sociedade é constante e, consequentemente, as questões relativas ao transporte rodoviário acompanham esse desenvolvimento. Dentro desse contexto, é preciso atenção a itens como segurança, custos de pedágios e fretes, entre outros.
Ele faz a ressalva de que o atribulado período político vivido pelo Brasil possa acabar atrasando a apreciação do projeto. “É razoável imaginar que, em um momento mais calmo, a tramitação das matérias no Congresso Nacional seria mais tranquila”, argumenta. Contudo o advogado informa que já foi formada uma comissão especial na Câmara dos Deputados para tratar do assunto, assim como foram feitas diversas audiências públicas para tratar do assunto. Se não fosse o atual panorama político, Restano acredita já poderia ser apresentado um relatório sobre o tema ainda neste ano. Outra preocupação do setor é quanto ao roubo de cargas.
De acordo com levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o prejuízo com essa ação criminosa foi de R$ 1,4 bilhão em 2016. O ano passado teve mais de 22 mil ocorrências, número 86% superior aos 12 mil registros feitos em 2011. Para tentar reduzir o roubo e diminuir o prejuízo, policiais, autoridades e empresários estarão reunidos no 2º Encontro de Segurança do Transporte Rodoviário de Cargas das Regiões Sudeste e Sul: Ações de Integração, que será realizado durante a Transposul.
O debate do tema vai acontecer nos dias 28 e 29 de junho, no auditório do Centro de Eventos da Fiergs, contando com a presença de representantes de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, apresentando o trabalho desenvolvido no enfrentamento aos delitos de cargas.
Setcergs prevê uma movimentação entre R$ 130 milhões e R$ 150 milhões