Com prisão decretada por tráfico de drogas e citado em dez inquéritos de assassinatos que tramitam na Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Breno da Silva de Souza, de 22 anos, é apontado pela polícia como sendo o responsável em transformar um bairro da zona rural de Japeri numa filial da fação criminosa que controla o Complexo da Pedreira, na Zona Norte do Rio.
Segundo as investigações, bandidos da Pedreira usam o bairro Guandu como base para atacar caminhões nos 71km de extensão do Arco Metropolitano, que liga Itaguaí a Duque de Caxias, e em trechos das rodovias Presidente Dutra e Washington Luís.
Um dos ataques atribuído pela polícia à quadrilha foi no último dia 31 de maio, no Arco Metropolitano, em Japeri. Bandidos fecharam uma carreta com cigarros e metralharam o carro que fazia a escolta da carga. Na ocasião, dois vigilantes morreram e um terceiro ficou ferido. O bando fugiu com a mercadoria. No dia seguinte ao roubo, homens do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRV) reforçaram o patrulhamento no Arco Metropolitano.
Apesar da atual notoriedade, Breno já era conhecido pela polícia. Em 2014, a 1ª Vara Criminal de Japeri expediu um mandado de prisão contra ele. De acordo com a DHBF, o criminoso é ligado a Thiago Rodrigues da Silva, o Thiago Gordo ou TH, que coordena os roubos de cargas praticados por traficantes do Morro da Quitanda, na Pedreira. TH é cunhado de Carlos José da Silva Fernandes, o Arafat, um dos chefes do tráfico no complexo carioca.
Alvo de dois mandados de prisão, TH está foragido. Breno integrava outra facção criminosa e já atuava no Guandu, mas em 2015 foi expulso de lá pelo então chefe do tráfico. Em 2016, com apoio da Pedreira, retomou a região.
O retorno de Breno ao Guandu e a disputa do tráfico refletiram nos números da violência. Em 2015, quando foi expulso de lá, foram registrados 18 assassinatos e 11 roubos de cargas em Japeri, entre janeiro e abril. Em 2016, quando retornou e declarou guerra aos rivais, foram 34 assassinatos e 17 roubos de caminhões de cargas no mesmo período.
No início de 2017, quando a maior parte da venda de drogas já estava sob controle de Breno, os números voltaram a cair. Foram, no mesmo período, 26 mortes e oito roubos de cargas.
De acordo com o delegado Rodrigo Freitas, da 63ª DP (Japeri), Breno já controla o tráfico em 14 das 17 comunidades de Japeri.
— Também estamos investigando esse rapaz pela queima de cinco ônibus após um bandido da quadrilha dele ser morto por PMs, em maio — acrescentou Freitas.
Durante a ação para tentar capturar os responsáveis pelo roubo da carreta de cigarros e pelas mortes dos dois vigilantes, PMs encontraram trajes feitos de capim em um matagal do bairro Guandu. Segundo a polícia, a roupa serve de camuflagem para os assaltantes que ficam escondidos no local.
— Eles vestem para se disfarçar no mato. E usam toucas ninjas e luvas nos assaltos para evitar serem reconhecidos por impressão digital — explicou o delegado Evaristo Pontes, da DHBF.