Fonte: ACRio
Coronel Cajueiro: “Sem a ajuda da sociedade organizada, eu não sei o que pode acontecer no Rio de Janeiro”
A situação da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) é grave. Com atraso no pagamento do 13º salário, do regime adicional de metas, do RAIS olímpico e a condição frágil da infraestrutura utilizada pelos policiais, a PMERJ, segundo o presidente da Comissão de Análise da Vitimização Policial, Coronel Fábio Cajueiro, vive situação mais grave que a do estado do Espírito Santo.
Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), um policial é morto a cada três dias no Rio de Janeiro. A maioria dos casos de morte se dá quando os policiais estão em folga do serviço. Além disso, nos últimos 23 anos, foram quase 18 mil baixas de policiais, número que pode ser comparado ao de guerras como a do Vietnã.
O coronel afirmou que os confrontos no Rio de Janeiro são de origem socioeconômica, irregular, civil, de guerrilha, psicológica e local. Cajueiro salientou, ainda, que “sem a ajuda da sociedade organizada, a situação no Rio de Janeiro pode piorar”. Ele participou da reunião do Conselho Empresarial de Segurança Pública, Ética e Cidadania, da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRio), no dia 13 de fevereiro.
O presidente do Conselho, Luciano Porto, acrescentou que outro grande problema é a percepção de insegurança, que prejudica todos os setores do estado, e a falta de diálogo entre policiais e a sociedade. “Como a gente viu no Espírito Santo, nós precisamos da polícia. Temos que debater como, qual, de que maneira ela pode agir. Mas a presença dela é indiscutível”, explicou Porto.
O presidente da ACRio, Paulo Protasio, lembrou que as parcerias entre o setor público e privado podem ser a solução para esta crise. “O setor público não tem como ganhar essa luta sozinho. E o setor privado também não consegue. O nosso compromisso está em fazer a cobertura de que o estado precisa e, pela primeira vez, haverá um grupo de instituições que, se somadas, serão imbatíveis”, disse Protasio.
O evento teve, também, a participação de diretores do Instituto Igarapé, que apresentaram dados sobre a violência no Rio de Janeiro. De acordo com Luciano Porto, a ACRio busca parcerias com essas instituições para dar visibilidade aos trabalhos que estão sendo feitos, mas ainda não foram implantados. “Nós não precisamos inventar a roda. O que estamos buscando, aqui, é contribuir com os trabalhos que já existem, como o do Instituto Igarapé”, ressaltou Porto.