Pedestre usando máscara protetora passa por pessoas sentadas em um restaurante no bairro Vila Madalena, em São Paulo. Segunda-feira, 6 de julho de 2020. (Jonne Roriz/Getty Images)
A inflação no Brasil interrompeu dois meses seguidos de queda com variação de 0,26% em junho, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) veio levemente abaixo da expectativa do mercado (0,29%). Com o resultado, o índice reverteu tendência de queda que vem sendo registrada desde o início do ano.
No acumulado de 12 meses até junho, o IPCA teve alta de 2,13%, bem abaixo da meta de inflação de 4% do governo para 2020, que tem tolerância de 1,5 ponto percentual baixo (2,5%) ou para cima (4,5%). No ano, o índice acumula alta de 0,10%.
Alimentos e combustíveis foram a maior fonte de pressão. Os combustíveis tiveram aumento em junho depois de quedas nos últimos quatro meses, em especial da gasolina, que teve o maior impacto individual (0,14 p.p.), com alta de 3,24%, disse o instituto. E a expectativa é que essa tendência siga sendo vista nos próximos meses:
“Esperamos que a recuperação dos preços internacionais do petróleo, bem como a recomposição da demanda chinesa por carnes continuem a impactar os preços ao consumidor no curto prazo”, diz a consultoria 4E em relatório.
O dado dá um sinal ao mercado sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central. Nesta semana, Roberto Campos Neto, presidente da instituição, disse que o impacto da atividade econômica no índice será determinante para decidir sobre outro corte na taxa básica.
Os sinais de que o pior da crise ficou para os meses de abril e que o ritmo de retomada tem aumentado – sobretudo após o relaxamento das medidas de distanciamento social. -, foi visto também no estirão do varejo de 14% em maio, anunciado nesta semana, e na indústria, apesar da base de comparação baixa.
Para o fim de 2020, a expectativa do mercado medida pelo Boletim Focus aponta para inflação de 1,63% em 2020 e de 3% em 2021.
Mesmo com o sinal de aceleração e perspectivas positivas para os preços no curto prazo, no entanto, as perspectivas para o crescimento da economia ainda são muito fracas, o que não impediria novos cortes na Selic, apesar de improvável, diz Alberto Ramos, economista-chefe paraAmérica Latina do Goldman Sachs, em relatório:
“Preocupações com a dinâmica cambial, fluxos de capital, pressões entre fundos de renda fixa, risco político e fiscal de médio prazo e o fato de a taxa já estar em um nível acomodatício sem precedentes podem limitar severamente (ou até eliminar) as possibilidades de flexibilização adicional.
Fonte: exame.