Em uma das maiores redes varejistas do Rio, as portas do supermercado se abrem, nas primeiras horas da manhã de um dia no fim de abril. Os clientes começam a entrar — parte deles, procurando nas prateleiras os produtos em promoção anunciados em encartes e chamadas na TV. Enquanto isso, o gerente da loja estuda como explicar aos consumidores que o arroz e o suco de uva chamados com destaque não estão disponíveis na loja: as mercadorias haviam sido alvo de quadrilhas de roubo de carga durante a madrugada. Na loja de Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste, os clientes, assim como a empresa, saíram de mãos vazias.
Casos como este já foram registrados também na Pavuna, onde duas redes concorrentes ficaram sem frango, e em Bangu, onde o supermercado também passou o dia sem alguns produtos alimentícios, como biscoitos.
O presidente-executivo da Associação de Supermercadistas do Rio de Janeiro (Asserj), Fábio Queiróz, afirma que há um risco iminente de desabastecimento em várias regiões da cidade, além do provável aumento generalizado dos preços:
— Se antes itens como lâmina de barbear, carnes e bebida eram majorados em cerca de 20%, agora isso também se aplica ao biscoito, ao arroz e ao feijão.
Na Central de Abastecimento do Estado (Ceasa), a flutuação preços depende da entrega dos mais de 200 caminhões diários.
— É a lei da oferta e da procura. Por exemplo, hoje tem pouca batata porque o caminhão foi roubado, então o preço aumenta — explica Waldir de Lemos, presidente da Associação Comercial dos Produtores e Usuários da Ceasa.
Segundo cálculos da Firjan, o custo da produção leva em consideração a taxa de risco de perda do produto.
— Se você sabe que, naquela área, há mais de 50% de chance de ser roubado, você não vai para aquela região — quantifica Riley Rodrigues, gerente de estudos de infraestrutura da Federação das Indústrias do Rio (Firjan).
O comércio eletrônico na internet também circula sobre rodas no Brasil, e suas operações já estão em risco pela falta de entrega dos produtos. Líderes do setor já falam em grave ameaça à expansão por causa do mercado paralelo do roubo de cargas.
Somente em 2016, foram registrados 132 roubos a caminhões do Correios no estado do Rio, empresa que é a principal distribuidora de produtos adquiridos no meio eletrônico, especialmente para pequenos e médios comerciantes. Dados da Polícia Federal revelam que, quando somados os ataques a carteiros, o número de registros chega a duas mil ocorrências.
— O comércio eletrônico tem 150 a 200 milhões de produtos transportados por ano. E o roubo de carga acaba tornando inviável a venda para algumas regiões. Isso entra na conta do custo Brasil, encarecendo tanto a carga que é preciso repassar diretamente para o consumidor — pontua Pedro Guasti, executivo da e-bit, consultoria de e-commerce
Desvio na entrega
Consumidor
De acordo com Código de Defesa do Consumidor, o cliente não pode ficar no prejuízo por problemas de entrega. O cliente pode escolher entre o cumprimento da entrega, ou a desistência da compra, com direito à restituição da quantia, incluindo o valor pago pelo frete.
Correios
A empresa se recusa a divulgar informações sobre o número de casos e o prejuízo com o roubo. O Correios se limita a dizer que “possui um sistema de gerenciamento de risco que é atualizado a cada seis meses com dados das ocorrências e tem ferramentas como rastreadores e gerenciamento de risco logístico”.
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