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Dados apresentados na manhã desta segunda-feira (25), durante evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mostram o impacto do roubo de carga na economia nacional e no varejo. De acordo com os números divulgados, 36% das empresas desistiram de empreender por causa de assaltos ao transporte.
Segundo João Henrique Martins, do departamento de Defesa e Segurança da Fiesp, quase metade das empresas já teve sua carga roubada. “Enxergamos a fase da produção, distribuição de atacado e varejo. O roubo de carga está presente na etapa de produção e transporte. A produtividade das polícias aumenta, mas o problema continua por conta desse mercado que absorve desses roubos”, lamentou.
O eixo Rio-São Paulo ainda é o principal motivo de preocupação das entidades presentes no evento. Segundo Carlos Souza, diretor do departamento de Defesa e Segurança da Fiesp e diretor da Swint, esses crimes impactam a qualidade dos negócios, fazendo com que muitas empresas fechem as portas por medo.
De acordo com ele, o governo federal “já acordou” e entendeu que a estratégia principal deve ser empoderar a Polícia Rodoviária Federal e discutir, em conjunto, a criação de políticas de combate ao roubo de carga.
Um estudo da Associação Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística, apresentado em maio de 2018, revelou que, no ano passado, foram registrados 25,9 mil roubos de carga no Brasil, com um prejuízo estimado em R$ 1,5 bilhão. De cada cinco roubos, quatro ocorreram em São Paulo e no Rio de Janeiro. Esses crimes resultam em altas nos custos com seguro para as empresas, o que já representa 14% do faturamento.
Pirataria
Edson Vismona, presidente do Fórum de Combate à Pirataria, lembrou que o Projeto de Lei 1530/2015, em tramitação no Senado Federal, permite a cassação das inscrições estaduais de empresas flagradas recrutando carga roubada. Segundo ele, ainda é possivel cancelar a CNH dos motoristas e o CNPJ das empresas.
Para ele, é preciso ainda envolver o consumidor nesse processo, estimulando, por exemplo, o uso do App SP + Segura, que permite a qualquer pessoa fazer denúncias por meio de próprio smartphone.
Já José Roberto Gonçalves, diretor geral substituto da Policia Rodoviária Federal, chamou a atencao para a falta de policiais rodoviários – são 10 mil atualmente – e a crise ética do país. “Todo mundo quer levar vantagem [sobre o roubo de carga]. Precisamos de leis que favoreçam investimentos em segurança, como a isencao do imposto sobre os combustíveis de veículos policiais, e modernizar os processos da Polícia”, defendeu.
Ele citou também a possibilidade de implementar o rastreio obrigatório em todos os veículos – o que ajudaria a localizar os veículos que participaram de roubos.