Motorista morre durante tentativa de assalto na Avenida Brasil
Globo.com
RIO — Assassinado durante uma tentativa de roubo de carga na Avenida Brasil na madrugada desta quinta-feira, o motorista Donizeti de Souza, de 61 anos, foi a vítima mais recente de um crime que só cresce no Rio e no estado. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), somente nos nove primeiros meses deste ano, aconteceram pelo menos 6.496 casos de roubo de cargas. Só em setembro, foram 891 casos, uma média de 29 por dia.
Donizeti, segundo a Polícia Militar, foi atacado na via na altura de Acari, na Zona Norte do Rio, no sentido Zona Oeste. Ele carregava legumes para a Ceasa. Atingido por tiros, ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Os bandidos fugiram. A Delegacia de Homicídios da Capital (DH) assumiu a investigação do caso. Já no dia 3 de novembro, três pessoas ficaram feridas durante um tiroteio entre seguranças de uma caminhonete que transportava cigarros e bandidos na Avenida Meriti, esquina com a Rua Galvani, em frente a uma padaria e próximo ao Shopping Carioca, na Vila da Penha.
SALTO DE 66,23%
E os números só crescem. Em comparação os meses de setembro de 2016 e do ano passado, o salto foi de 66,23%. Em setembro de 2015, foram registrados 536 casos. Naquele ano, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Rio já registrava a maior taxa de roubos de carga do país. Foram 7.225 roubos, 43,7 para cada 100 mil habitantes, quase o quíntuplo da média nacional (9,0) e mais do que o dobro da taxa de São Paulo (19,1), a segunda maior do Brasil. Os dados foram divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que estuda as incidências criminais de todos os estados brasileiros.
Para tentar reverter o quadro, o diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), delegado Marcelo Martins, está propondo um replanejamento da segurança. Ele defende a criação de cinturões de policiamento nos acessos de quatro complexos de favelas, responsáveis por mais de 80% dos roubos: Chapadão, Pedreira e Maré, na Zona Norte do Rio, e Salgueiro, em São Gonçalo.
— Esses são os principais locais de transbordo das cargas roubadas no estado. Estamos levando isto para a Secretaria de Segurança, para replanejar o policiamento nestas regiões e assim impedir que estas cargas cheguem a essas favelas. — explicou Marcelo Martins.
No ataque do dia 3 de novembro, o veículo da Souza Cruz abastecia a padaria quando houve a tentativa de assalto. O caso foi registrado na 27ª DP (Vicente de Carvalho), que até setembro já colecionava outras 136 ocorrências, ostentando um 17º lugar, num ranking de delegacias que concentram a maioria dos roubos de carga do estado.
Nessa lista reveladora sobre a dinâmica desse crime, a 59ª DP (Caxias), foi a campeã de ocorrências, com 513. Logo em seguida, aparecem a 64ª DP (Vilar dos Teles, com 468 registros), a 39ª DP (Pavuna, com 366), a 34ª DP (Bangu, com 319) e a 31ª DP (Ricardo de Albuquerque, com 253), todas na confluência de vias importantes, como a Avenida Brasil e as rodovias Presidente Dutra e Washington Luiz, os grandes corredores de cargas do estado.